Porque é sábado e Jeová proíbe coisas sérias neste dia, que nos esqueçamos de Gaza, hoje vai escrever o gastrónomo cozinheiro. E vai oferecer uma dica útil.
O meu mais recente entretenimento na cozinha é uma fritadeira a ar. Resisti muito tempo a comprá-la até que me garantiram que a tecnologia tinha avançado muito e suprido as deficiências anteriores. Hoje não estou nada arrependido da compra.
Além do mais, sendo necessário alguma experimentação, está a ser divertido. Já fiz e “estandartizei” uma data de coisas: croquetes e rissois congelados, frango aos pedaços grandes marinado, costeletas de porco, vieiras, camarões, alface grelhada, legumes salteados, filetes de peixe, cadinhos de tapioca. Tudo afinado em temperatura e tempo, que posso fornecer.
Há testes essenciais para as minhas avaliações. Coisas elementares que faço com esmero e que não resistem a aldrabices ou disfarces de pseudo-chef videirinho. Por exemplo, para mim, experimentar um restaurante não passa pelos seus pratos de exibição. Antes sempre uma coisa mais simples (?), um teste do algodão: um bife médio-mal. Também um peixe “braseado” (entre aspas, porque este termo hoje cá muito usado não é correto) com molho holandês (que já me serviram de pacote…). Quantos restaurantes com pretensões não passaram neste meu teste! E, para testar uma fritadeira, claro que batatas fritas.
Experimentei com batatas fritas congeladas e funcionou bem, mas aguardei pelo teste final, o de batatas fritas caseiras, em duas frituras, como faço sempre (às vezes, se tenho pachorra e tempo, até também em três frituras, à Heston). Sairam ótimas e aqui deixo a técnica, para quem até agora torceu o nariz às batatas fritas na fritadeira de ar.
Cortar batatas para fritar (batatas farinhentas, tipo Astérix ou outra batata vermelha) em palitos de 8 mm de espessura. Lavar em água corrente durante alguns minutos. Entretanto, pré-aquecer a fritadeira a 150º. Secar bem as batatas com papel absorvente e borrifá-las com “spray” de azeite ou óleo (não demasiado, para no fim não queimar). Não temperar com sal, nesta fase! Fritar a 150º durante 14 minutos, virando-as a meio. Retirar as batatas e “constipá-las” em local fresco, enquanto se aquece a fritadeira a 190º, durante alguns minutos. Voltar a colocar as batatas e fritar a 190º durante 8 minutos ou até que estejam douradas e chocantes a gosto. Temperar com sal.
Funcionou perfeitamente, com resultado não inferior (mesmo melhor) do que na fritadeira tradicional, mas é possível que tenha de haver alguns pequenos ajustes consoante o modelo da “air fryer”. A minha é Philips série 5000 tamanho XL. Não é das mais baratas, mas há poupanças que custam caro.
(“Post” em memória saudosa do meu irmão Duarte, muito bom cozinheiro, que fazia muito bem batatas fritas – o que não é nada coisa menor; “oh, simple things!” Que falta me fazem, e à Filomena tão sua amiga, os jantares que ele trazia, feito estafeta Glovo da sua própria cozinha ).