Fanatismo religioso é só no que respeita a caricaturas de Maomé?

Não gostei do “sketch” drag da abertura dos jogos olímpicos, porque, em regra, não gosto de “arte” que se cinge essencialmente à provocação, ao excêntrico. Claro que estas razões não têm nada a ver com as dos bispos franceses e a dos grupos fundamentalistas cristãos que, na peugada, protestaram por todo o mundo contra essa paródia (?) à última ceia de Cristo e dos apóstolos, como agressão ao sentimento religioso dos cristãos. Mas não são os mesmos que condenam as fatwas islâmicas ou as reações a caricaturas de Maomé (descontando, obviamente, os crimes cometidos a propósito)?

Não sei bem o que me choca mais, se a intolerância religiosa se a incultura de altos dignatários eclesiais. Já Camões, como tantos clássicos anteriormente, falam no banquete dos deuses, facilmente identificável nesse sketch pela proeminência da personagem de azul com coroa de flores, evidentemente Diónisos/Baco, nunca um apóstolo cristão. Se queres realmente ver e atacar uma paródia à ceia, vão então ver a magnífica cena do retrato, no Viridiana, de Buñuel.